O movimento moderno, antes de ser uma linguagem, uma estética, um período, como foi transformado nos últimos anos, foi uma atitude ética comportamental. O papel da arquitetura e do arquiteto foram importantes na mudança dos hábitos sociais, na abolição da propriedade privada, no planejamento das cidades e na crença de um homem universal em sua essência. Referente às aproximações dos arquitetos engajados com a política através de ideais socialistas, comunistas e anarquistas.
É bastante marcado o Movimento Moderno no Brasil pela Semana da Arte Moderna de 1922.
Fonte: http://www.micropic.com.br/noronha/Autores/13Modernismo/1922.jpg
ABAPURU – Tarsila do Amaral
Fonte:afichacaiu.wordpress.com
OS RETIRANTES – Cândido Portinari
Fonte: http://bethccruz.blogspot.com/2008/11/os-grandes-pintores-do-modernismo.html
FAVELA – Cândido Portinari
Fonte: http://bethccruz.blogspot.com/2008/11/os-grandes-pintores-do-modernismo.html
O MODERNISMO ARQUITETÔNICO
Surgiu na Europa devido à necessidade de se encontrar soluções para os problemas que vinham sendo gerados pelas mudanças sociais e econômicas que a Revolução Industrial causou. Já no Brasil, as primeiras obras Modernistas surgem quando apenas se iniciava o processo de industrialização, portanto não se habilitava a solucionar necessidades sociais. No entanto, segundo Lúcio Costa, o Modernismo brasileiro justifica-se como estilo, afirmando a identidade de nossa cultura e representando o “espírito da época”.
No campo da arquitetura, o Modernismo foi introduzido no Brasil através da atuação e influência de arquitetos estrangeiros adeptos do movimento, embora tenham sido arquitetos brasileiros, como Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, que mais tarde tornaram este estilo conhecido e aceito. Foi o arquiteto russo Gregori Warchavchik quem projetou a “Casa Modernista” (1929-1930), a primeira casa em estilo Moderno construída em São Paulo.
CASA MODERNISTA 1929 – SÃO PAULO – SP
Fonte:http://dynamite.terra.com.br/blog/townart/assets/content/Image/casa_modernista.jpg
Primeira casa modernista projetada e construída no Brasil, resaltando que a primeira casa do Brasil não foi projetada por um arquiteto Brasileiro e sim pelo saudoso arquiteto Russo Gregori Warchavchik em 1929-1930, que foi construída na cidade de São Paulo.
A proposta de uma arquitetura racionalista e funcional era destacada por Gregori Warchavchick, bem como a apropriação da mecanização para a estética arquitetônica. O projeto da casa Moderna de 1929, apresentava fachada livre de ornamentos, com o emprego de linhas e ângulos retos, expondo uma forte influência cubista. A fachada livre foi o único dos cinco pontos de arquitetura a ser utilizado nesta edificação. Além deste, o uso de pilotis foi rejeitado pelo alto custo do concreto-armado; a janela em fita e a planta livre, em virtude do uso de alvenaria convencional nas paredes; o terraço-jardim, não existia materiais de impermeabilização necessários então usou-se um telhado escondido na platibanda.
A casa foi, de maneira geral, bem aceita pela crítica, principalmente pelo fato acima mencionado, o de não utilizar todas as regras da arquitetura modernista. Desta forma, conservou-se alguns aspectos da arquitetura tradicional como a grande varanda na face posterior da residência (típica das casas de campo do período colonial), e a cobertura de telha capa-e-canal.
Em seguida Warchavchick projetou outras edificações mais significativas para o movimento moderno: a casa de Max Graf e a casa “modernista”, ambas em São Paulo. Estas eram mais fiéis à doutrina modernista, apresentando pureza de volumes, culto ao ângulo reto, ausência de ornamentação emprego do concreto armado e janelas horizontais.
Os arquitetos Modernistas buscavam o racionalismo e funcionalismo em seus projetos, sendo que as obras deste estilo apresentavam como características comuns formas geométricas definidas, sem ornamentos; separação entre estrutura e vedação; uso de pilotis a fim de liberar o espaço sob o edifício; panos de vidro contínuos nas fachadas ao invés de janelas tradicionais; integração da arquitetura com o entorno pelo paisagismo, e com as outras artes plásticas através do emprego de painéis de azulejo decorados, murais e esculturas.
CIDADES MODERNISTAS NO BRASIL
BRASÍLIA
Lúcio Costa
Oscar Niemeyer
No início dos anos 40, os poderes públicos federal, estadual e municipal, estados e prefeituras estiveram envolvidos com projetos de reformulação das cidades antigas, de elaboração de planos diretores, de abertura de grandes avenidas.
Em de setembro de 1956 foi lançado o edital para o concurso do plano piloto. A nova capital nascia da intenção de uma grande aventura e havia a expectativa de se encontrar um projeto que imprimisse a contemporaneidade e a ousadia esperada de Brasília. Até o dia 11 de março de 1957, a comissão julgadora do concurso tinha recebido 26 projetos num total de 63 inscritos.
O projeto escolhido foi o de Lúcio Costa, que nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar, promovendo o encontro de dois eixos. Um conceito simples e universal. Lúcio Costa foi o vencedor, não pelo seu detalhamento, mas pela concepção urbanística e pela fantástica descrição de seu estudo. Lúcio Costa entregou o projeto do plano diretor no ultimo momento das inscrições do concurso, como diz o ditado popular brasileiro, os últimos serão os primeiros.
Plano Piloto de Brasilia
Brasília é uma cidade totalmente construída com idéias modernistas. O valor do seu plano urbanístico e de seus monumentos faz com que Brasília seja um marco mundial da arquitetura e urbanismo modernos. Assim, a Capital do Brasil foi o primeiro núcleo urbano, construído no século XX, considerado digno de ser incluído na lista de bens de valor universal, recebendo o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, em 1987, pela UNESCO.
O reconhecimento de seu valor patrimonial fundamentou-se no plano urbanístico de Lúcio Costa, concebido em quatro escalas estruturais e todas setorizadas, quem conhece a cidade de Brasilia hoje, pode notar que não funciona a cidade de forma eficaz, tudo fica muito setorizado, muito longe, para você ir ao hospital você tem que atravessar a cidade inteira ate chegar ao mesmo, pois todos os hospitais ficam numa única grande quadra.
• Monumental – compreendida em todo o Eixo Monumental e que abriga a alma político-administrativa do País;
• Gregária – representada por todos os setores de convergência da população;
• Residencial – composta pelas Superquadras Sul e Norte;
• Bucólica – que permeia as outras três, por se destinar aos gramados, praças, áreas de lazer, orla do lago Paranoá e aos jardins tropicais de Burle Marx.
Da interação dessas quatro escalas nasceu uma cidade que “sendo monumental, é também cômoda, eficiente, acolhedora e íntima. É ao mesmo tempo, derramada e concisa, bucólica e urbana, lírica e funcional…” (Lúcio Costa).
Ele eliminou cruzamentos para que o tráfego dos automóveis fluísse mais livremente, concebeu os prédios residenciais com gabarito uniforme e construídos sobre pilotis para não impedir a circulação de pessoas. Uma cidade rodoviária com amplas avenidas e vasto horizonte, valorizando o paisagismo e os jardins. Com todo esse trafego diferenciado Brasília tornou-se hoje uma das cidades onde morrem mais pessoas por acidentes de transito, pois não tem calçadas nas ruas, e muito pouco faixas de sinalização em pontos estratégicos, é muito difícil caminhar pelas ruas da grande cidade.
Eixo monumental
Fonte: http://www.candangosfest.com.br/portal/images/stories/noticias/EixoMonumental.jpg
Para compor o plano urbanístico, Oscar Niemeyer projetou monumentos marcantes, considerados o melhor da expressão arquitetônica moderna brasileira. O grande diferencial desses monumentos e de outros espaços de Brasília é a integração da arte à arquitetura. Com isso, vários artistas de participaram da construção da capital, transformando-a em palco de experimentação das artes.
Congresso Nacional
Fonte: http://discopraise.files.wordpress.com/2009/08/brasilia_01.jpg
Catedral De Brasília
Fonte: http://phobosedeimos.files.wordpress.com/2009/12/brazil-brasilia-01.jpg
Esplanada dos Ministérios
SÃO PAULO
O movimento moderno destacou-se especialmente nos anos 60 e 70, e ficou conhecido como brutalismo. Este período marcou a sociedade tanto em seu sentido ético social, quanto pela busca por aspectos culturais de identidade brasileira para um movimento que trata a arquitetura com algo universal. As características que marcam o brutalismo é a utilização de concreto bruto, tijolos aparentes, instalações aparentes, destaque das caixas d’água, destaque volumétrico de elevadores e escadas.
O discurso dos brutalistas girava em torno da descrição simplista do projeto, dos materiais, da criatividade estrutural, exaltava o aspecto revolucionário do programa, a organização não convencional da edificação, a fluidez dos espaços, a simplicidade dos materiais. O conjunto arquitetônico reunia a composição particular com ênfase em: na horizontalidade;nos jogos de níveis quase sempre reunidos num bloco único, destacado do chão; tratamento cuidadoso de estrutura de concreto armado aparente; elementos de circulação têm função destacada: se internos, definem zoneamento e usos, se externos, sua presença plástica é marcante.
A tecnologia empregada é a do concreto armado ou protendido, fundido in loco, utilizando lajes nervuradas, pórticos, pilares com desenho diferenciado, sempre com vãos livres e balanços amplos, sheds, grandes empenas de concreto usadas como quebra-sol ou plano de reflexão de luz, jogos de iluminação zenital/lateral, volumes anexos com estrutura independente.
“Nos memoriais os autores mostram-se preocupados com a flexibilidade de uso dos espaços e possível renovação na sua destinação; segundo eles, isso comparece no projeto através da modulação, previsão de amplos espaços cobertos, concentração de funções de serviço. Sua relação com o entorno é claramente de constraste visual, apesar de se proporem integrados com o sítio, pela facilidade de acessos”. (ZEIN, 1983, op.cit., p.81).
Algumas obras do Modernismo em São Paulo: o Museu de Arte de São Paulo (MASP) da arquiteta Lina Bo Bardi e a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, de Villanova Artigas.
MASP
Fonte: http://masp.art.br/sobreomasp/historico.php
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DA USP
FAU – USP de Villanova Artigas.
SESC Pompéia
Fonte: http://www.sescsp.org.br/sesc/controle/dynimages/materia3_Grelha-Pompeia.jpg
Entre 1977 e 1986, barracões de tijolos antigos foram transformados em espaços de exposições, uma biblioteca e uma série de workshops. O SESC Pompéia também possui um interessante e curioso teatro (o lar de muitos shows soberba), bem como a Choperia serve um almoço coletivo ao lado de baratas, mas igualmente deliciosas porções de cerveja e música brasileira ao vivo.
Bo Bardi também construiu dois novos edifícios que estão ligados à fábrica por passarelas. Estes são inteiramente feitos de concreto áspero aliviado por janelas em forma de ameba o arquiteto conhecido como “Espanhol buracos guerra civil” e conter instalações desportivas, como campos de futebol, uma piscina e um solário. Tanto a “guerra civil espanhola buracos” eo redesenho geral da antiga fábrica exemplificar “muxarabi”, um remix pós-moderna de elementos de estilo colonial, que coloca em primeiro plano as referências à cultura popular brasileira.
RIO DE JANEIRO
No Rio de Janeiro o movimento moderno chegou por volta de 1931, após a primeira visita de Le Corbusier à cidade, realizada em dezembro de 1925. Foi a partir de então que começaram os estudos de uma nova arquitetura para a capital federal. Mas foi por volta de 1936 (data da segunda visita de Le Corbusier) que de fato o espírito funcionalista foi empregado na arquitetura carioca. O edifício emblemático desta fase é, sem dúvidas, a sede do Ministério de Educação e Saúde.
Edifício Gustavo Capanema
O atual Edifício Gustavo Capanema, também conhecido como Ministério da Educação e Saúde, é um edifício público localizado no centro da cidade do Rio de Janeiro.
Ministério da Educação e Saúde
Fonte: http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/lucio-costa-100-anos-o-pendulo-21-03-2002.html
O edifício é considerado um marco da Arquitetura Moderna Brasileira, pois é o primeiro prédio modernista construído, bem como, primeiro edifício neste estilo no Brasil. Foi projetado por uma equipe composta por Lucio Costa, Carlos Leão, Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Ernani Vasconcellos e Jorge Machado Moreira, com a consultoria do arquiteto Le Corbusier.
Ministério da Educação e Saúde
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Edif%C3%ADcio_Gustavo_Capanema
O projeto procura seguir as remomendações de Le Corbusiere que ele considerava uma “nova arquitetura”: o uso de pilotis – com o conceito de permeabilidade dos pedestres no térreo, a vedação do edifício é feita por cortinas de vidro, sendo utilizado brise-soleil – horizontais e verticais – para evitar a incidência direta de radiação solar na fachada norte, fachada-livre, planta-livre e o terraço-jardim.
Ministério da Educação e Saúde
Fonte: http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/lucio-costa-100-anos-o-pendulo-21-03-2002.html
Por ser elevado sobre pilotis – com um enorme pé-direito de 9m no térreo – e com vedação de cortinas de vidro a leveza é uma das percepções principais existentes em relação ao edifício, bem como, imponência, causado pela altura do edifício e pelos materiais utilizados.
Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes (Pedregulho) – 1946
O Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, mais conhecido como Pedregulho, localiza-se no Bairro São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Projetado por Affonso Eduardo Reidy, em 1946, o Pedregulho teve como colaboradores Burle Marx – responsável pelo paisagismo, Cândido Portinari – pela execução de painéis de azulejos – e a engenheira Carmem Portinho – responsável técnica.
O Conjunto Residencial é uma herança da arquitetura moderna, está localizado em um terreno com aproximadamente 50 mil m² e apresenta: três blocos de residências, uma escola, lavanderia e mercado, centro de saúde, ginásio, piscina e quadra esportiva.
O Pedregulho adota alguns elementos vindos do modernismo. Como o uso de pilotis com modulação, cobogós, formas sinuosas – orgânicas, janelas em fita. Por ser elevado sobre pilotis em dois pavimentos, tem-se a sensação de leveza do edifício.
Pedregulho
Fonte: http://www.educatorium.com/projetos/projetos_int.php?id_projetos=7
Pedregulho
Fonte: http://www.educatorium.com/projetos/projetos_int.php?id_projetos=7
Pedregulho
Fonte: http://4.bp.blogspot.com/_iLpKBE1Vu4k/SuUBuQeTLEI/AAAAAAAABCg/SB-CsjYsIV4/s400/fotinhas-tres.jpg
Pedregulho
Fonte: http://www.vivercidades.org.br/publique_222/web/media/supimpas_conjunto.jpg
MAM – Museu da Arte Moderno do Rio de Janeiro
O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM) é um dos mais importantes no cenário cultural brasileiro. Localiza-se na cidade do Rio de Janeiro, no Parque do Flamengo. Seu edifício-sede é a obra mais conhecida do arquiteto Affonso Eduardo Reidy, cujo projeto paisagístico é Burle Marx. Representa um marco na arquitetura brasileira.
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Fonte: http://bethccruz.blogspot.com/2009/01/museu-de-arte-moderna-do-rio-de-janeiro.html
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Fonte: http://bethccruz.blogspot.com/2009/01/museu-de-arte-moderna-do-rio-de-janeiro.html
O Movimento Moderno traz a modernidade à arquitetura e urbanismo, formulando um novo estatuto da forma de edifícios e cidades, no qual tenta unificar a arte, a funcionalidade e a técnica, em atendimento às demandas sociais. Na segunda metade do Século XX as propostas modernistas começam a se esgotar, pois não dão conta da problemática colocada pela sociedade pós-industrial. A crítica à arquitetura moderna centra o foco na forma, que não mais responderia às demandas contemporâneas. A arquitetura vive, então, um novo ecletismo, num fascinante jogo de aparências, o qual se manifesta através de diversas tendências.
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